Então deram-se as mãos. Nada podia separá-los durante essa volta pelo subconsciente. Havia luz brilhando sobre suas mentes, mas as trevas cegavam seus olhos, fazendo dessa caminhada um simples passeio por lugar nenhum. Placas e sinais indicavam o caminho de volta, mas pra que voltar quando não se sabe o que te espera? Sentir saudade de algo que não existe mais é perda de tempo. Continuaram sua jornada.
Rastros de qualquer coisa eram encontrados pelo caminho. Vestígios, nada mais que rumores de algo que já se foi antes deles há um certo tempo. Parar pra analisar e descobrir de quem eram seria uma besteira. A escuridão é intensa, ficar parado no mesmo lugar não adianta. O que se pode fazer? Os dois apenas continuaram sua caminhada, por muito e muito tempo.
Impossível evitar alguns tropeços e algumas quedas. Mesmo com um foco continua-se perdido, sozinho na escuridão. Quando o medo parecia muito, a coragem vinha e o lavava com suas lágrimas, mas mesmo lágrimas de coragem não são suficientes pra lavar uma impressão. Pistas, muitas são deixadas pelo caminho, mas nenhuma é interpretada. A voz se perde no momento de dizer aos outros não irem por esse mesmo caminho, o frio toma conta e as mãos uns dos outros se separam.
Fica difícil andar sozinho, fica difícil percorrer caminhos tortuosos por conta própria. Outras lágrimas são derramadas. Essas, porém, queimam como metal derretido, deixando marcas no rosto que um dia já foi iluminado por um radiante sorriso. Olhos se transfiguram em fendas por onde ainda se vê uma chama de esperança ansiosa por um sopro de vida, que revelam o grande desejo de libertação, mas não há nada que se possa fazer. Apenas continue sua cega caminhada a lugar nenhum.
Quando se vê novamente as outras mãos que um dia estiveram junto as suas, as mesmas mãos que guiaram, as mesmas mãos que serviram de consolo, a chama de esperança no olhar toma conta do resto do corpo e as forças se renovam para sair em busca do que um dia foi alguma coisa. Exatamente como as verdadeiras, essas mãos fantasmas desaparecem justo no momento em que se está prestes a tocá-las e o corpo luta para não sucumbir ao desespero. Frustração, raiva e dor tomam conta e a escuridão volta a reinar. Tudo que resta é esperar por outras mãos que possam guiar, que possam substituir as antigas mãos que hoje já não estão mais nessa caminhada. Simplesmente vagam por aí, talvez procurando outras mãos, talvez procurando as mesmas mãos de antes, mas em total escuridão também.
Olhos se acostumaram com a falta de luz e as mentes perderam o juízo. Nada é real, nada parece ser mais do que miragens dentro de nós. Nada voltaria para resgatar essas mãos, que hoje, já estão calejadas, perdidas por algum canto em lugar nenhum.
Sei que as vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?
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