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Sei que as vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?

Confie.

Fica tranquilo. Nunca ninguém será igual a você. Não precisa ficar dias e dias pensando se a pessoa encontrará alguém melhor. Pode encontrar, é claro, mas isso não apagará o seu jeito, as suas lembranças. Tenho conversado com muitas pessoas e elas insistem em me dizer isso. Fiquei pensando ontem e elas estão certas. Sabe, ninguém terá meu modo de falar, meu jeito idiota ou talvez meu sorriso. Terão os deles. Não serão melhores ou piores, serão os deles.
Tenho me pegado pensando em como marcamos na vida de alguém. As melhores lembranças vêm na frente, depois temos alguns momentos, até apelidos, palavras, jeito de tratar que fazem cada pessoa eterna de um jeito diferente. Até nas músicas. Uma música sempre te lembrará de alguém que você amou. Inevitável, não é?
Os dias e as horas têm me ensinado muito. Primeiro, podemos dizer que o tempo te ajuda a lembrar de muitos momentos bons e te dar menos motivos para querer estragar tudo. Outra que a cabeça tem que ficar menos pesada. A gente faz tudo que pode. Pessoas te farão rir muito outra vez, farão você se apaixonar, mas toda vez que você ouvir uma música, ler algum texto ou lembrar de algum apelido, sua cabeça inevitavelmente lembrará daquela pessoa. Uma recaída? Não! Apenas uma lembrança, de tantas que essa vida traz.
As lembranças ruins podem vir e querer ganhar na corrida das boas. Isso é normal. Situações inacabadas são comuns. Algo do tipo, podem lembrar de você, mas com mágoa. Isso ninguém quer. Gostaria de ser lembrado como alguém que fez sempre o melhor pra ter um sorriso. Tratar com carinho nas horas que fosse preciso. Estar ali…
Por mais que a pessoa te faça sorrir como costumava sorrir, por mais que a pessoa tenha o carinho, as palavras, essa pessoa é diferente. Se teve amor um dia, seja há quatro anos ou há um, com certeza sempre haverão lembranças. Não adianta chorar. Somos eternos na vida de cada pessoa. Uma música, um apelido, um sorriso, um momento e até uma lágrima. Olha o tempo fazendo a gente entender que nunca mais tocaremos a mesma música, chamaremos pelo mesmo apelido ou choraremos as mesmas lágrimas. Tempo ensina, faz bem, confia nele. Confia na minha história. Confia em mim.

"Socorro, alguém me ajude!"

Um grito ecoou naquele dia nublado. O jovem estava ali atirado no meio da rua. “Me ajudem, por favor”, ele dizia aos prantos. Um grupo de pessoas começou a se juntar em sua volta. Ninguém entendia o que o rapaz tinha. Não havia marca de nenhum machucado, não havia nenhum ferimento visível.

“Está doendo muito, por favor, façam isso parar”, continuava a dizer. No meio da multidão, que incluía jovens, crianças, mulheres, homens, existia um senhor de idade. Todos preocupados com o jovem, querendo de alguma forma ajudá-lo, sem saber como. Os olhos do rapaz encontrou no meio da multidão o senhor de idade. O rosto do senhor era calmo. Ele não estava preocupado com a situação do rapaz.

“Eu não queria, não queria”, gritou mais uma vez. “Não queria o que?!” – muitas pessoas disseram ao mesmo tempo. “Eu não queria ir embora, eu não queria fazer tudo que estou fazendo”, contou. Enquanto ele falava, o senhor de idade veio se aproximando, o puxou pelo braço, colocou o rapaz de pé e apenas disse: “Pare”.

“O senhor nem sabe o motivo dos meus gritos, da minha dor, me solta”, gritou. “Eu sei muito bem. Quantos anos o você tem, garoto? 23?! 22?! Tenho 72 anos e sei muito bem qual é seu problema”, disse de forma agressiva. O senhor o levou para perto de um lugar estranho. Um lugar iluminado apenas pela luz do sol. O rapaz não sabia para onde ele estava o levando, parecia um lugar o qual ele já estava acostumado a ir. Ele retirou calmamente um papel bastante amassado e velho, uma carta retirada de um caixote que estava meio escondido. O entregou a ele e disse: “Leia..”

“Olá meu amor. Queria que soubesse que as coisas estão bem aqui. Sinto sua falta todos os dias. Sinto falta do jeito que você me faz rir, até do jeito que sente minha falta. Sinto falta do modo que você conta suas piadas bobas para me fazer rir. Sinto falta do seu cheiro, do seu abraço. Queria que soubesse que estou voltando para casa. Essa viagem está sendo mais longa que nunca. Não vejo a hora de voltar e ter a chance de receber mais uma vez o seu abraço. Com muito amor, Rosa”

Uma coisa chamou a atenção do garoto. A carta tinha sido escrita em 1970. Estavam em 2011. Olhou para o senhor e antes de perguntar qualquer coisa, recebeu uma resposta que nunca esperava:

“Ela não voltou, nunca mais. Parou no meio do caminho, ficou mais tempo por lá. Deve ter conhecido alguém. Minha vida não parou, continuei aqui de alguma forma, mantendo essa carta, minha última lembrança de nossa história, quando ainda existia amor. Antes mesmo de você me contar seu problema, presumi que seria pelo amor. Se errei, peço desculpas, mas garanto que não. Não existe sofrimento maior do que esperar alguém que não vai voltar. Não sorrio há muito tempo. Mas não deixei de viver minha vida.”

Eu estava confuso. O senhor me deu uma palmada nas costas e disse: “Fique perto do seu melhor amigo agora”, soou como um suspiro. Perguntei: “Quem?”

“O tempo”, finalizou.